Do app para o pregão: o desempenho das fintechs que conquistaram os brasileiros

Do app para o pregão O desempenho das fintechs que conquistaram os brasileiros

Nos últimos anos, os bancos digitais e as fintechs deixaram de ser apenas uma “novidade do momento” para se tornarem protagonistas no cenário financeiro brasileiro. De aplicativos simples e práticos no celular, essas empresas deram um salto gigantesco: conquistaram milhões de usuários, mudaram o jeito como a gente lida com dinheiro e, agora, brilham também no pregão da B3, a Bolsa de Valores do Brasil.

Neste texto, vamos explorar como essas empresas cresceram tanto, o que explica a paixão dos brasileiros por elas, e como o comportamento dos investidores mais jovens está sendo diretamente influenciado por essa nova era digital das finanças.

O boom das fintechs no Brasil: mais do que uma moda

Se tem uma coisa que brasileiro gosta, é de praticidade. E foi justamente isso que as fintechs prometeram — e entregaram. Em vez de enfrentar filas, papelada e taxas escondidas nos bancos tradicionais, os usuários passaram a ter acesso a serviços bancários completos na palma da mão, com poucos cliques.

Empresas como Nubank, Inter, C6 Bank, PicPay e Mercado Pago viraram referência. Começaram oferecendo cartões sem anuidade, contas digitais gratuitas e, aos poucos, expandiram para investimentos, seguros, crédito pessoal e até criptoativos.

E não foi só o público que cresceu. Os números também. De acordo com a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), o país já conta com mais de 1.500 fintechs ativas, e muitas delas estão entre os aplicativos financeiros mais baixados no Brasil e na América Latina.

Da telinha do celular para o pregão da Bolsa

Com tanto crescimento e visibilidade, algumas dessas empresas deram um passo além: abriram capital na Bolsa. E não foi à toa.

O Nubank, por exemplo, protagonizou um dos maiores IPOs (oferta pública inicial de ações) da história para uma empresa da América Latina. Em dezembro de 2021, a fintech estreou na Bolsa de Nova York (NYSE) e também na B3, atingindo uma avaliação de mercado superior a US$ 40 bilhões logo nos primeiros dias.

Outro caso é o do Banco Inter, que já está há mais tempo na B3 e também foi pioneiro entre os bancos digitais a fazer esse movimento. Com uma base crescente de clientes e diversificação de serviços, o Inter vem se consolidando como uma opção sólida na carteira de muitos investidores.

Essas empresas perceberam que, além de conquistar usuários como clientes, também poderiam engajá-los como investidores. E deu certo: muitos usuários viraram sócios, comprando ações das fintechs nas quais já confiavam o próprio dinheiro.

Por que os jovens investidores se identificam com as fintechs?

A geração que cresceu com internet e celular na mão não tem paciência para burocracia. Para esses jovens investidores, praticidade, transparência e inovação não são um diferencial — são uma exigência básica. E é aí que as fintechs brilham.

Veja alguns motivos que explicam essa identificação:

  • Facilidade de uso: os apps são intuitivos, rápidos e resolvem quase tudo em poucos toques.
  • Linguagem acessível: nada de jargões financeiros complicados. As fintechs falam com o cliente do jeito que ele entende.
  • Educação financeira: muitas dessas empresas oferecem conteúdos, vídeos e ferramentas para ajudar o cliente a entender melhor como cuidar do dinheiro e investir.
  • Alinhamento com valores modernos: muitas fintechs têm um discurso voltado para sustentabilidade, diversidade e inclusão, temas muito valorizados por essa nova geração.

Além disso, os jovens também estão mais abertos ao risco e à inovação. Por isso, encaram com naturalidade a ideia de investir em empresas tecnológicas, mesmo em um setor historicamente conservador, como o financeiro.

O desempenho das ações de fintechs na Bolsa: altos, baixos e aprendizados

Como todo investimento em renda variável, as ações das fintechs também enfrentam volatilidade. O Nubank, por exemplo, sofreu quedas consideráveis após o IPO, muito por conta do cenário macroeconômico global — como a alta dos juros nos EUA e a aversão a empresas de tecnologia em fase de crescimento.

No entanto, o desempenho de uma ação na Bolsa não depende apenas de resultados financeiros no curto prazo. O mercado olha para o potencial de crescimento, a base de clientes, o modelo de negócios e a capacidade de adaptação da empresa.

Já o Banco Inter, por estar mais consolidado, apresenta oscilações mais moderadas e vem se esforçando para mostrar solidez, inclusive com a abertura de capital também nos EUA, por meio de BDRs (Brazilian Depositary Receipts).

É importante lembrar que o mercado de fintechs ainda é jovem. E assim como startups, muitas dessas empresas ainda estão no estágio de crescimento acelerado, o que exige paciência e visão de longo prazo dos investidores.

E o que esperar do futuro das fintechs na Bolsa?

Se olharmos para os próximos anos, tudo indica que a presença das fintechs na Bolsa só tende a crescer. O setor financeiro está passando por uma verdadeira revolução — e quem conseguir inovar mais rápido vai sair na frente.

A chegada do Open Finance, por exemplo, promete deixar os serviços ainda mais personalizados e competitivos. E isso abre espaço para mais soluções digitais, novos players e, claro, mais empresas buscando capitalização via mercado financeiro.

Além disso, o público jovem continua entrando com força no mundo dos investimentos. De acordo com a B3, o número de investidores com menos de 30 anos cresceu mais de 200% nos últimos três anos. Isso mostra que existe uma nova geração disposta a investir não só em ações, mas em empresas com as quais se identificam — e as fintechs estão entre elas.

A revolução financeira está só começando

As fintechs vieram para ficar — e mais do que isso, para liderar. Do app direto para o pregão, elas estão mudando a forma como os brasileiros cuidam do dinheiro, investem e se relacionam com o mercado financeiro.

Para o investidor, especialmente o mais jovem, essa é uma oportunidade de não apenas acompanhar a transformação, mas fazer parte dela. Seja como cliente, seja como sócio.

Se você ainda não conhece a fundo essas empresas ou nunca pensou em investir nelas, talvez agora seja um bom momento para estudar mais sobre o assunto. O mercado está cheio de oportunidades — e as fintechs estão na linha de frente dessa nova fase.

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Com mais de 16 anos de experiência na área de comunicação, é jornalista com mestrado em Semiótica pela Unesp. Possui pós-graduação lato sensu em Marketing Digital pela USP e MBA em Administração, Finanças e Geração de Valor pela PUCRS. Especialista em estratégias digitais e análise de significados, combina visão estratégica e criatividade para produzir conteúdos que informam e engajam na área de finanças.
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